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domingo, 14 de agosto de 2016
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Oficina de Planejamento de Jogos Digitais
Quando me ingressei no GIZ, pelo edital novembro de 2015, eu não sabia exatamente as frentes de trabalho que eu deveria tomar ou que me seriam passadas. Entretanto, eu sabia da possibilidade de produção de oficinas, e logo apresentei a proposta de uma oficina de Fotografia no Ensino de Ciências. Mas esta não era a melhor proposta que eu podia fazer. Conversando com o servidor Paulo Mariano, também atuante no GIZ, pensamos juntos que talvez a melhor ideia que eu poderia ter seria a oficina de Planejamento de Jogos Digitais.
A oficina foi projetada, apresentada e então, comecei a estrutura-la. Seu objetivo: permitir o conhecimento de jogos educacionais e comerciais e suas possíveis aplicações para o ensino e/ou aprendizagem, tendo como trabalho final, um documento de planejamento de um jogo.
Bandeira da oficina para o Percurso Formativo Discente Universitário |
"Jogar é um ato voluntário de superar obstáculos desnecessários."
Partindo desta ideia e do conceito de gamificação - um processo em ascensão em empresas e escolas, o ato de jogar alguma coisa pode ser um meio eficaz de aprendizagem. Ou apenas, tornar os processos parecidos com os jogos. O ato de criação de um jogo, entretanto, estabelece uma relação de ensino e aprendizagem. Elaborar um jogo, educativo ou não, é como elaborar uma aula - é necessário conhecer o público alvo e o assunto temático em questão para preparar o material, e, assim, estabelecer uma conexão com o objetivo final: o entretenimento construtivo.
Pela primeira vez, experimentamos a criação de um conteúdo para o ensino à distância. Experimentaremos também a tutoria deste conteúdo, usando nossas experiências e ambição com este projeto.
Não podemos contar spoilers desta história, vocês saberão durante o percurso discente e, esta oficina, ainda vai muito além!
A educação à distância e minha experiência com o Moodle
A
educação à distância possui peculiaridades que se diferem de forma brusca do
ensino presencial. Para começar com a formação mais auto-didata, claro,
acompanhada de tutores e uma diversidade de conteúdos predispostos para
auxiliar no processo da educação à distância. Em uma sala de aula, o professor
precisa abordar os alunos de forma direta, e seu conteúdo deve alcançar o
máximo do entendimento possível de quem aprende. No ambiente virtual, o tutor
tem um papel crucial no sucesso do aluno, intervindo, dialogando, sugerindo e
aprendendo junto com o aluno, que, por sua vez, deve ter autonomia e disciplina
para se manter no processo.
Minha
familiaridade com a educação à distância era praticamente nula. Eu conhecia
ambientes virtuais de três universidades, mas todos eram utilizados também para
o ensino presencial, tendo os ambientes apenas como um banco de dados. Para
mim, a educação à distância não passava de uma diversidade de conteúdo em vídeo
e texto, um cronograma e a autonomia do aluno. Entretanto, ao participar do VII
Percursos Formativos em Docência do Ensino Superior como tutor de uma oficina
geral, percebi que, embora a autonomia do aluno seja um ponto importante, o
papel do tutor é ainda mais importante.
Bandeiras do Percurso Formativo Discente - GIZ/PROGRAD/UFMG |
Quando
aceitei a proposta para ser tutor de uma oficina no percurso docente, não havia
uma motivação relacionada ao processo de tutoria propriamente dito. Quanto à
tutoria, existia em mim um pouco de medo, mas a motivação real era o
aprendizado do conteúdo da oficina em questão. Fui chamado para ser tutor da
oficina de Moodle 2.5, plataforma utilizada pela UFMG para educação à distância
e semipresencial. Uma oficina sobre a plataforma a qual ela é ministrada. Antes
de ser chamado para participar como tutor, eu tinha em mãos um projeto de uma
oficina de Planejamento de Jogos Digitais, para o Percurso Discente (PDU), que
já estava nos seus primeiros passos de produção. Como eu não sabia exatamente
como funcionavam os percursos e as oficinas para o ensino à distância, vi no
processo de tutoria da oficina Moodle 2.5 uma oportunidade de aprender a
ferramenta básica de construção da minha oficina e métodos diferenciados para
tornar a oficina mais interessante e didática.
Mais
do que tutor, eu era aluno.
Banner da oficina para o VII Percurso Formativo de Docentes para o Ensino Superior |
Durante
o percurso e as intervenções no ambiente virtual, percebi que a educação à
distância pode ser muito mais conexa ao aluno em relação ao presencial. Não há
tanto pudor, os alunos se ajudam, há horizontalidade nas discussões e o sistema
é fluído. Eu, um aluno de graduação, era tutor de uma oficina para docentes e
alunos de pós-graduação.
Apesar
da proposta de ensino à distância, encontros presenciais ou mais próximos (por
outras vias como Skype ou telefone, por exemplo) podem e devem acontecer se
necessário. A oficina de Moodle 2.5 tinha previsto um encontro presencial, e
aquele momento, especificamente, foi, para mim, o evento mais importante
durante a oficina. Junto com os professores ali presentes, pude observar
realmente a visão dos professores quanto à utilização da plataforma e conversar
diretamente com eles sobre como tornar o ambiente virtual mais palatável para o
aluno e mais didático. Não basta entender as ferramentas do ambiente virtual
somadas a um tutor para um bom desempenho da oficina ou da disciplina no
sistema. A estrutura do conteúdo deve ser pensada, as palavras guias e como o
conteúdo é apresentado em sua ordem são extremamente importantes para o aluno
se organizar, se interessar e aproveitar o máximo da disciplina.
Infelizmente,
eu não participei de todo o processo do percurso docente. Meu papel se encerrou
junto com a oficina geral. Durante a semana de feedback, oficinas
contextualizadas e seminários, minha participação foi indireta e ausente
justamente pelo meu engajamento na produção da oficina de Planejamento de Jogos
Digitais para o PDU e a produção de um jogo em andamento no GIZ. Sendo assim,
eu não posso avaliar diretamente o impacto da avaliação dos percursistas quanto
ao meu trabalho, mas fico lisonjeado com o apoio e carinho demonstrado pela
equipe que me acompanhou no percurso. Apesar de todos os elogios, sei que devo
melhorar em diversos pontos, e pretendo refletir essa experiência no PDU com a
execução da minha oficina.
Meu ingresso no universo acadêmico e interesse pela educação
Durante o Ensino Médio, eu, Pedro
Dantas Anacleto, visualizava o ambiente acadêmico como uma proposta ainda muito
presa ao que eu conhecia da escola. Era como se a universidade me oferecesse
cursos relacionados à biologia, história, geografia, português e matemática. Eu
sabia que não era assim, mas tinha receio da falta de interdisciplinaridade. Eu
falo isso porque eu fugi da escola. Sempre fui um aluno calado, nunca dei
problemas em sala de aula, mas o tempo me fez ter desinteresse no conteúdo, que
para mim era batido, era pacato, sem dinâmica. Eu gostava de múltiplas coisas,
múltiplas disciplinas, e de certa forma, eu tinha facilidade para a maioria das
ofertas que me eram apresentadas, mas o interesse deixava a desejar. No terceiro ano, eu não estava aguentando o modelo tradicional de ensino da instituição, eu já tinha 19 anos e fugi da escola. A partir daquele momento, eu
precisava escolher o meu destino. Eu mirei em três opções.
Em
ordem:
1ª-
Faculdade de Ciências Biológicas;
2ª-
Faculdade de Letras;
3ª-
Experimentar o mercado de trabalho por um ano;
Eu
gosto da palavra PlotTwist. Muito. No entretenimento, Plot é o enredo base de
toda história. Aquilo que está na sinopse ou aquilo que nos apresenta logo de início
para nos prender na trama. PlotTwist é quando George R.R. Martin passa a lâmina
no pescoço do seu personagem favorito em Game of Thrones. O plot da minha vida,
era começar com a faculdade de Biologia, me tornar biólogo.
Comecei com games. Mas eu não queria.
Reprodução Editora PEARSON |
Eu
gostava de games, mas não era tanto. Eu já havia escrito um roteiro para um
jogo que estava sendo desenvolvido na época, mas não por mim, era para um grupo
que não sei se ainda existe. Eu também já havia trabalhado em algumas
ferramentas relacionadas à produção de games. Mas eu ainda via como
entretenimento. Não visualizava games no mercado de trabalho ainda. Muito
menos, educação. A Faculdade de Games me apresentou a utilização de jogos em
educação por uma perspectiva que eu nunca imaginava. Depois eu falo sobre isso.
Abandonei o curso no final do primeiro período, mas herdei o livro Games em
Educação – Como os nativos digitais aprendem, de João Mattar.
Fui experimentar o mercado de
trabalho.
Essa parte a gente pula.
No
final do ano tive a oportunidade de tentar o vestibular novamente. Pela
primeira vez tentei o vestibular para a faculdade de Ciências Biológicas, minha
primeira opção desde sempre. Mas também tentei pra Letras. “Eu não ia passar em
nenhuma, eu fugi da escola, eu não tenho boas notas, e eu não estudo há um bom
tempo.” Era o que eu pensava.
Reprodução Editora PEARSON |
Passei
nas duas.
Mas
aqui não tem muitos detalhes importantes para o nosso objetivo, exceto o fato
de, quando eu estudava Ciências Biológicas na Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, o Professor padrinho de nossa turma, Marcelo, me presenteou
com o livro Tecnologias que Educam – Ensinar e aprender com as tecnologias de
informação e comunicação, de Fábio Câmara Araújo de Carvalho e Gergorio Bittar
Ivanoff. Tanto este, quanto o livro herdado da Faculdade de Games, são da
editora PEARSON. Após minha “herança” da PUC, me mudei para Ouro Preto, para
continuar o curso de Ciências Biológicas e abandonar o curso de Letras.
Por
necessidade e oportunidade, ingressei-me no PIBID/Biologia – Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, da CAPES. Necessidade, pois eu
precisava me manter na cidade, oportunidade porque havia vaga. Eu já havia
experimentado o mercado trabalhando em uma livraria, já havia experimentado o
curso de Letras e estava em minha primeira opção, a biologia. Mas a
licenciatura nunca fez parte dos meus planos, ou a atuação em sala de aulas.
Após
um ano no PIBID fui entrevistado pela Revista Educação, e o resumo da
entrevista, presente na matéria, diz um pouco dos meus medos nos primeiros
meses e interesse na educação básica.
Clique para ler a matéria. Reprodução Revista EDUCAÇÃO |
Cada
dia dentro do PIBID me dava mais vontade de educar, cada intervenção em sala de
aula, cada transposição didática. Dois anos atuando em sala de aula
diretamente, ali eu sabia que eu não queria me tornar biólogo. Me ausentei do
programa e peguei uma bolsa de extensão, como bolsista e educador no Museu de
Ciência e Técnica da Escola de Minas – MCT/EM/UFOP no projeto “Taxidermia,
Preservação, Educação e Prática”.
No
museu, tive a oportunidade de ir ao Rio de Janeiro apresentar um banner,
resultado de nossa experiência no museu e de um resumo expandido com o título
“Museus, manutenção e transformação: Uma experiência na Coleção de Taxidermia
do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da Universidade Federal de
Ouro Preto MCT/EM/UFOP.”, publicado em 2014, para o III Seminário Internacional
Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia.
Gilson, Pedro e Kalila. Clique para acessar o site do projeto. |
No
fim daquele ano, as bolsas de extensão para o projeto não foram renovadas pela
Universidade e coincidiu com meu desligamento na Universidade Federal de Ouro
Preto e ingresso na Universidade Federal de Minas Gerais. Felizmente o projeto
“Taxidermia, Preservação, Educação e Prática”, apesar de todas as dificuldades,
continua ativo e realizando um trabalho maravilhoso.
Todo
este percurso me levou ao GIZ, na Universidade Federal de Minas Gerais. Onde eu
experimentaria outra realidade relacionada à educação. Sendo apresentado,
então, a educação à distância.
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