Durante o Ensino Médio, eu, Pedro
Dantas Anacleto, visualizava o ambiente acadêmico como uma proposta ainda muito
presa ao que eu conhecia da escola. Era como se a universidade me oferecesse
cursos relacionados à biologia, história, geografia, português e matemática. Eu
sabia que não era assim, mas tinha receio da falta de interdisciplinaridade. Eu
falo isso porque eu fugi da escola. Sempre fui um aluno calado, nunca dei
problemas em sala de aula, mas o tempo me fez ter desinteresse no conteúdo, que
para mim era batido, era pacato, sem dinâmica. Eu gostava de múltiplas coisas,
múltiplas disciplinas, e de certa forma, eu tinha facilidade para a maioria das
ofertas que me eram apresentadas, mas o interesse deixava a desejar. No terceiro ano, eu não estava aguentando o modelo tradicional de ensino da instituição, eu já tinha 19 anos e fugi da escola. A partir daquele momento, eu
precisava escolher o meu destino. Eu mirei em três opções.
Em
ordem:
1ª-
Faculdade de Ciências Biológicas;
2ª-
Faculdade de Letras;
3ª-
Experimentar o mercado de trabalho por um ano;
4ª-
Faculdade de Games e Tecnologia.
Eu
gosto da palavra PlotTwist. Muito. No entretenimento, Plot é o enredo base de
toda história. Aquilo que está na sinopse ou aquilo que nos apresenta logo de início
para nos prender na trama. PlotTwist é quando George R.R. Martin passa a lâmina
no pescoço do seu personagem favorito em Game of Thrones. O plot da minha vida,
era começar com a faculdade de Biologia, me tornar biólogo.
Comecei com games. Mas eu não queria.
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Reprodução Editora PEARSON |
Eu
gostava de games, mas não era tanto. Eu já havia escrito um roteiro para um
jogo que estava sendo desenvolvido na época, mas não por mim, era para um grupo
que não sei se ainda existe. Eu também já havia trabalhado em algumas
ferramentas relacionadas à produção de games. Mas eu ainda via como
entretenimento. Não visualizava games no mercado de trabalho ainda. Muito
menos, educação. A Faculdade de Games me apresentou a utilização de jogos em
educação por uma perspectiva que eu nunca imaginava. Depois eu falo sobre isso.
Abandonei o curso no final do primeiro período, mas herdei o livro Games em
Educação – Como os nativos digitais aprendem, de João Mattar.
Fui experimentar o mercado de
trabalho.
Essa parte a gente pula.
No
final do ano tive a oportunidade de tentar o vestibular novamente. Pela
primeira vez tentei o vestibular para a faculdade de Ciências Biológicas, minha
primeira opção desde sempre. Mas também tentei pra Letras. “Eu não ia passar em
nenhuma, eu fugi da escola, eu não tenho boas notas, e eu não estudo há um bom
tempo.” Era o que eu pensava.
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Reprodução Editora PEARSON |
Passei
nas duas.
Mas
aqui não tem muitos detalhes importantes para o nosso objetivo, exceto o fato
de, quando eu estudava Ciências Biológicas na Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, o Professor padrinho de nossa turma, Marcelo, me presenteou
com o livro Tecnologias que Educam – Ensinar e aprender com as tecnologias de
informação e comunicação, de Fábio Câmara Araújo de Carvalho e Gergorio Bittar
Ivanoff. Tanto este, quanto o livro herdado da Faculdade de Games, são da
editora PEARSON. Após minha “herança” da PUC, me mudei para Ouro Preto, para
continuar o curso de Ciências Biológicas e abandonar o curso de Letras.
Por
necessidade e oportunidade, ingressei-me no PIBID/Biologia – Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, da CAPES. Necessidade, pois eu
precisava me manter na cidade, oportunidade porque havia vaga. Eu já havia
experimentado o mercado trabalhando em uma livraria, já havia experimentado o
curso de Letras e estava em minha primeira opção, a biologia. Mas a
licenciatura nunca fez parte dos meus planos, ou a atuação em sala de aulas.
Após
um ano no PIBID fui entrevistado pela Revista Educação, e o resumo da
entrevista, presente na matéria, diz um pouco dos meus medos nos primeiros
meses e interesse na educação básica.
Cada
dia dentro do PIBID me dava mais vontade de educar, cada intervenção em sala de
aula, cada transposição didática. Dois anos atuando em sala de aula
diretamente, ali eu sabia que eu não queria me tornar biólogo. Me ausentei do
programa e peguei uma bolsa de extensão, como bolsista e educador no Museu de
Ciência e Técnica da Escola de Minas – MCT/EM/UFOP no projeto “Taxidermia,
Preservação, Educação e Prática”.
No
museu, tive a oportunidade de ir ao Rio de Janeiro apresentar um banner,
resultado de nossa experiência no museu e de um resumo expandido com o título
“Museus, manutenção e transformação: Uma experiência na Coleção de Taxidermia
do Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da Universidade Federal de
Ouro Preto MCT/EM/UFOP.”, publicado em 2014, para o III Seminário Internacional
Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia.
No
fim daquele ano, as bolsas de extensão para o projeto não foram renovadas pela
Universidade e coincidiu com meu desligamento na Universidade Federal de Ouro
Preto e ingresso na Universidade Federal de Minas Gerais. Felizmente o projeto
“Taxidermia, Preservação, Educação e Prática”, apesar de todas as dificuldades,
continua ativo e realizando um trabalho maravilhoso.
Todo
este percurso me levou ao GIZ, na Universidade Federal de Minas Gerais. Onde eu
experimentaria outra realidade relacionada à educação. Sendo apresentado,
então, a educação à distância.